Publicação fixada
Dudu
Dudu @Dudu

Pessoas altamente focadas não deixam suas opções em aberto. Eles selecionam suas prioridades e sentem-se confortáveis em ignorar o resto. Se você não se comprometer com nada, você se distrairá com tudo.

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Dudu @Dudu

Sentimentos fazem o mundo girar

O mundo é movido por uma coisa: sentimentos. Isso acontece porque pessoas gastam dinheiro naquilo que as faz se sentir bem. E por onde flui o dinheiro flui o poder. Portanto, quanto mais você consegue influenciar as emoções das pessoas no mundo, mais dinheiro e poder acumula. O dinheiro é em si uma forma de troca usada para igualar lacunas morais entre as pessoas. Uma minirreligião, universal, especial, na qual todos embarcamos porque facilita um pouquinho a nossa vida e nos permite converter valores em algo universal quando lidamos uns com os outros.
Tecnologias são pesquisadas e inventadas para — isso mesmo — fazer as pessoas se sentirem melhor (ou evitar que se sintam pior). A caneta esferográfica, um aquecedor de assento mais confortável, uma vedação melhor para o encanamento da sua casa — fortunas são feitas e perdidas em coisas que ajudam as pessoas a curar ou evitar a dor. Coisas que fazem a população se sentir bem. As pessoas ficam entusiasmadas com isso. Gastam dinheiro. E aí o negócio deslancha, baby.
Há duas formas de se criar valor no mercado:
1. Inovações (aperfeiçoar a dor). O primeiro jeito de criar valor é trocar uma dor por outra bem mais tolerável/desejável. Os exemplos mais drásticos e óbvios são as inovações médicas e farmacêuticas. Vacinas contra a poliomielite substituem vidas inteiras de dor e imobilidade por segundos da picada de uma agulha. Cirurgias cardíacas substituem... bem, a morte por uma ou duas semanas de recuperação.
2. Distrações (evitar a dor). O segundo jeito de criar valor no mercado é ajudar pessoas a anestesiar a dor. Enquanto o aperfeiçoamento proporciona uma dor melhor, a anestesia simplesmente a retarda, e frequentemente a piora. Distrações são um fim de semana na praia, uma noitada com os amigos, um cinema com alguém especial ou cheirar cocaína. Não há nada de necessariamente errado nas distrações: todo mundo precisa delas de vez em quando. O problema é quando elas começam a dominar nossa vida e tirar o controle de nossas mãos. Muitas distrações ativam certos circuitos cerebrais que criam vícios. Quanto mais se anestesia a dor, pior ela se torna e nos impele a aumentar a dose. Em determinado momento, a bola repulsiva de dor atinge tais proporções que evitá-la vira uma compulsão. Perdemos o controle sobre nós mesmos: o Cérebro Sensível tranca o Cérebro Pensante no porta-malas e não o deixa sair enquanto não consumir mais uma dose de seja lá o que for. E aí é ladeira abaixo.

Mas o que acontece quando um grande número de pessoas se torna relativamente saudável e próspero? A partir daí, a maior parte do progresso econômico deixa de lado a inovação e se volta para a distração; vai do aperfeiçoamento da dor para a anestesia. Uma das razões é que inovações verdadeiras são arriscadas, difíceis e nem sempre compensam. Muitas das mais importantes inovações da história deixaram seus inventores falidos e na sarjeta.5 Se alguém quer abrir uma empresa e assumir os riscos, o caminho mais seguro é o da distração. Por conta disso, estabeleceu-se uma cultura de que toda “inovação” tecnológica se dedica meramente a tentar medir novas e mais eficientes (além de intrusivas) formas de distração. Como disse uma vez o capitalista de risco Peter Thiel: “Queríamos carros voadores, ganhamos o Twitter.” Quando uma economia se direciona principalmente para distrações, a
cultura começa a se transformar.

Mark Manson - F*deu Geral

Dudu
Dudu @Dudu

A economia dos sentimentos

Nos anos 1920, as mulheres não fumavam — ou, se fumassem, eram rigorosamente julgadas. Fumar era um tabu. Assim como um diploma de faculdade ou um lugar no Congresso, o cigarro era considerado coisa de homem pelas pessoas da época. “Docinho, você pode acabar se machucando. Ou pior, queimando esse cabelo lindo.” Isso criou um problema para a indústria do tabaco: 50% da população não consumia seu produto pura e simplesmente porque era deselegante ou vulgar. Assim não dava. Nas palavras então proferidas por George Washington Hill, presidente da American Tobacco Company, “temos uma mina de ouro bem no nosso quintal”. A indústria tentou dezenas de campanhas para vender cigarros a mulheres, mas nada funcionava. O preconceito cultural era arraigado, profundo demais. Foi quando, em 1928, a American Tobacco Company contratou Edward
Bernays, um jovem marqueteiro renomado com ideias ousadas e campanhas publicitárias mais ainda.1 As táticas adotadas por Bernays eram completamente diferentes de tudo que a indústria da propaganda fazia na época.
No início do século XIX, o marketing era visto simplesmente como um meio de comunicar numa linguagem simples e concisa os benefícios reais, tangíveis, de um produto. Acreditava-se então que as pessoas consumiam com base em fatos e informações. Um produtor precisava explicar para alguém interessado em comprar queijo por que o seu era melhor (“o mais fresco leite de cabra francês, curado por doze dias, entrega refrigerada!”). As pessoas eram tidas como seres racionais que tomariam decisões racionais na hora da compra. Olha a Suposição Clássica aí: o Cérebro Pensante está no controle. Mas Bernays não era um homem convencional. Ele acreditava que as pessoas quase nunca tomavam decisões racionais. Pelo contrário, elas eram emocionais e impulsivas, só sabiam esconder isso muito bem. Ele acreditava que quem estava no comando era o Cérebro Sensível, mas que ninguém havia se dado conta desse fato ainda. Enquanto a indústria do tabaco vinha se concentrando em persuadir as mulheres, por meio de argumentos lógicos, a comprar e fumar cigarros, Bernays encarava o assunto como uma questão emocional e cultural. Se ele quisesse que as mulheres fumassem, precisaria apelar a valores, não a pensamentos. Precisaria apelar à identidade delas. Para isso, Bernays contratou um grupo de mulheres e as mandou para o desfile de Páscoa em Nova York. Hoje, as grandes paradas de datas festivas americanas são cafonices que ficam passando na TV enquanto as pessoas pegam no sono no sofá. Mas na época eram grandes eventos sociais, mais ou menos como o Super Bowl. Bernays planejou tudo para que, no momento certo, aquelas mulheres
parassem e acendessem seus cigarros ao mesmo tempo. Ele contratou fotógrafos para tirar fotos boas das fumantes, que seriam veiculadas em todos os grandes jornais de circulação nacional. Disse aos repórteres que aquelas moças não estavam apenas acendendo um cigarro, mas “tochas libertadoras”, que com esse gesto estavam declarando independência e se afirmando como donas do próprio nariz. Claro que não passava de #FakeNews, mas Bernays encenou como se fosse um protesto político. Ele sabia que aquilo despertaria as emoções certas nas mulheres de todo o país. Fazia apenas nove anos que as feministas haviam garantido o direito ao voto feminino. Mulheres tinham começado a trabalhar fora e a fazer parte da vida econômica do país muito recentemente. Em sinal de autoafirmação, passaram a usar cabelo curto e roupas mais provocantes. Aquela geração de mulheres se enxergava como a primeira a ter um comportamento que não era subjugado aos homens. E algumas eram bem firmes quanto a isso. Bernays só precisava plantar a semente do “fumar equivale a ser livre” no movimento de libertação feminina... e então as vendas de tabaco dobrariam e ele ficaria rico. Deu certo. As mulheres começaram a fumar e, de lá para cá, conquistamos direitos iguais ao câncer de pulmão.

Uma das primeiras lições dos cursos de marketing é como encontrar os “pontos fracos” dos clientes... e como escancará-los de modo sutil. A ideia é cutucar a vergonha e a insegurança das pessoas para depois dizer a elas que determinado produto vai solucionar essa mesma vergonha e livrá-las da tal insegurança. Em outras palavras, o marketing identifica ou realça especificamente as lacunas morais do cliente e em seguida oferece uma maneira de preenchê-las. Por um lado, isso ajudou a produzir toda a diversidade econômica e a riqueza que vemos hoje. Por outro, quando mensagens de marketing pensadas para induzir sentimentos de inadequação tomam a proporção de milhares de propagandas atingindo todas as pessoas, todos os dias, as repercussões psicológicas tornam-se inevitáveis. E não têm como elas serem boas.

Mark Manson - F*deu Geral

Dudu
Dudu @Dudu

Dor é valor
Muitos cientistas e entusiastas de tecnologia acreditam que um dia vamos desenvolver a habilidade de “curar” a morte. Nossa genética será modificada e otimizada. Vamos desenvolver nanorrobôs para monitorar e erradicar qualquer ameaça à nossa saúde. A biotecnologia permitirá que partes do corpo sejam substituídas e restauradas perpetuamente, nos permitindo viver para sempre. Parece ficção científica, mas alguns acreditam até que vamos chegar a esse
nível tecnológico ainda em nosso tempo de vida.

Quando evitamos a dor e nos tornamos mais frágeis, o resultado é que nossas reações emocionais serão muito desproporcionais à importância do evento. Vamos perder a cabeça quando o hambúrguer vier com alface demais. Vamos nos encher de orgulho só por assistir a um vídeo de merda no YouTube dizendo que somos ótimos. A vida vai se tornar uma montanha-russa indescritível, levando nosso coração para cima e para baixo enquanto rolamos a tela do celular. Quanto mais antifrágeis nos tornarmos, mais graciosas nossas reações
emocionais serão, mais controle teremos sobre nós mesmos e mais honrados serão nossos valores. A antifragilidade é sinônimo de crescimento e maturidade.
A vida é uma corrente infinita de dor, e crescer não significa encontrar uma forma de evitá-la, mas de mergulhar nela e navegar com sucesso em suas profundezas. A busca pela felicidade significa fugir do crescimento, fugir da maturidade, fugir da virtude. Significa tratar nossas mentes e nós mesmos como meios para alcançar algum fim leviano. Significa sacrificar nossa consciência para nos sentirmos bem. Abrir mão da dignidade por mais conforto.
Os filósofos antigos sabiam disso. Platão e Aristóteles e os estoicos falavam não de uma vida de felicidade, mas de caráter, desenvolvendo a habilidade de suportar a dor e fazer os sacrifícios necessários — pois a vida era assim na época: um longo sacrifício sem fim. As virtudes antigas de coragem, honestidade e humildade são todas formas diferentes de praticar a antifragilidade: são princípios que se fortalecem com a adversidade e o caos.
Somente no Iluminismo, na era da ciência e da tecnologia e das promessas de crescimento econômico ilimitado, que pensadores e filósofos criaram a ideia resumida por Thomas Jefferson como “a busca pela felicidade”. Por terem visto a ciência e a riqueza diminuírem a pobreza, a fome e a doença, os pensadores erroneamente acreditaram que essa melhora da dor seria uma eliminação da dor. Muitos intelectuais e especialistas ainda cometem esse erro hoje em dia: creem que esse crescimento nos libertou do sofrimento, em vez de apenas transmutar o sofrimento físico para o psicológico.

Mas se houve um ponto que o Iluminismo acertou foi na ideia de que, na média, algumas dores são melhores que as outras. É melhor morrer aos noventa anos do que aos vinte. É melhor ser saudável do que ser doente. É melhor ter liberdade de ir atrás dos seus próprios objetivos do que ser forçado a servir aos outros. Na verdade, é possível definir “riqueza” em termos de quão desejável é sua dor. Mas parecemos ter esquecido o que os antigos sabiam: que não importa quanta riqueza seja gerada no mundo, a qualidade da nossa vida é determinada pela qualidade do nosso caráter, e a qualidade do nosso caráter é determinada por nossa relação com a dor.

A busca pela felicidade nos faz mergulhar de cabeça no niilismo e na frivolidade. Nos leva a uma infantilização, um desejo incessante e intolerante por algo mais, um buraco que nunca pode ser preenchido, uma sede que nunca pode ser saciada. É a raiz da corrupção e do vício, da autopiedade e da autodestruição. Quando buscamos a dor, somos capazes de escolher qual tipo dela trazer para a nossa vida. Essa escolha dá sentido à dor — consequentemente, é o que dá sentido à vida. Porque a dor é a constante universal da vida, as oportunidades de crescer a partir dela são constantes. Tudo que precisamos fazer é não entorpecê-la, não ignorá-la. Tudo que precisamos fazer é enfrentá-la e encontrar seu valor e sentido.
A dor abre lacunas morais que, com o tempo, se tornam os nossos valores e as nossas crenças mais profundos. Quando nos negamos a habilidade de sentir dor por um propósito, nos negamos a habilidade de encontrar qualquer propósito na vida.

Mark Manson - F*deu Geral

Dudu
Dudu @Dudu

O dinheiro não é apenas uma reserva de valor: "Deixe-me armazenar algum valor aqui nesses dólares até amanhã e depois comprar alguns mantimentos".
O dinheiro é uma reserva de seu tempo, esforço, educação, experiência, coragem, visão, conhecimento, inteligência e erros do passado. O dinheiro armazena sua energia até que essa energia possa ser implantada (para
comprar esses mantimentos).

Undoing Urgency - Ryan Matt Reynolds